Fernando Miguel Valente Domingues
Idade: 25 anos
Stam: 079-E
Clube Ornitológico de Antuã
Morada:Pardilhó - Estarreja
Desde os 14 anos, que me dedico à criação de aves, apesar de ter criado canários, cedo me apaixonei pelos Bicos de Lacre. Aos 16 anos conquistei a medalha de Prata, no 49º Campeonato do Mundo de Ornitologia, tornando-me até á data, no mais novo participante medalhado.
Actualmente e, após uma interrupção de alguns anos voltei a dedicar-me à criação de Bicos de lacre e Faces Laranja, iniciando-me também com Degolados e Bengalíns da Índia.
Os bicos de lacre foram as minhas primeiras aves de gaiola. Tudo começou quando um dia, por acidente, encontrei três aves com cerca de 21 dias no chão, o ninho encontrava-se parcialmente destruído e como tinha um casal em casa com cerca de 2 anos de gaiola, na minha inocência peguei nas crias e levei-as para casa. Uma das crias como se encontrava já muito débil morreu no dia seguinte, mas para meu espanto, as outras duas nos dias seguintes estavam vivas e de boa saúde. Eu não queria acreditar no iria ver a seguir, os bicos de lacre adultos tinham assumido as duas crias como suas. Foi assim que tudo começou, ainda hoje recordo este momento como se fosse hoje, dando o mote de partida para o que viria a seguir: a reprodução em cativeiro de bicos de lacre. Passados 2 anos iniciei um ciclo de experiências, que ainda hoje perdura com os estrildas astrilds.
Comecei também a dedicar-me aos bicos de lacre mais a sério, por ser uma ave desvalorizada pela grande maioria dos criadores devido ao baixo valor económico. Eu próprio quando participei no Campeonato do Mundo com os mesmos, não fui levado a sério por ninguém, ainda por cima tendo apenas 16 anos.
Antes a oferta era muito grande em termos de exóticos e eram poucos, aqueles que tentavam a sorte com essas aves. Agora que existe uma restrição em relação às importações e o valor das aves subiu consideravelmente, subiu também o número de criadores que as desejam.
O meu objectivo é a especialização de aves do género estrilda, penso que a maior parte dos criadores não imagina a quantidade de espécies de bicos de lacre que existem, sendo estes raros, muito caros e acima de tudo muito bonitos. Este ano consegui tirar 11 bicos de lacre incluindo
aves mutadas, tirei 6 híbridos de Face laranja x Bico de Lacre, tenho neste momento crias de Face Laranja e também algumas crias de Degolados clássicos. Apesar de eu este ano estar a conseguir tirar muitas crias, no ano passado não tirei nenhuma, nem um bico de lacre.
Em relação ao meu “set” de viveiros, tenho um de 2m2, onde estiveram a reproduzir-se os bicos de lacre, híbridos e faces laranja; tenho um conjunto de 5 viveiros duplos de canários, onde tenho bengalins que servem sobretudo para amas em caso de algum incidente e duas voadeiras de
1,20m x 0,80m x 0,80m, sendo uma delas mista e outra só para bicos de lacre. O meu espaço (apesar de ainda não ser aquele que idealizei) está virado a sul, a temperatura é amena (muito importante) e goza de muitas horas de luz natural.
A alimentação é algo muito importante, a qualidade da alimentação das nossas aves vêm-se pelos resultados nas criações, neste seguimento tenho desenvolvido a minha própria mistura. Trata-se basicamente da mistura de exóticos que se costuma comprar habitualmente, com uma maior percentagem de painço amarelo, painço vermelho e milho japonês. Além disto, papa, germinado,
verduras e larvas de tenébrio (devem ser dadas sobretudo durante a época de reprodução). Por cada kg de papa, ponho ainda uma carteira de Tabernil Cria e na água durante os 5 primeiros dias de vida uso probióticos. Tenho sempre grite á disposição das minhas aves.
Pessoalmente não tenho um esquema de manutenção, antes da época de reprodução desparasito as aves, durante a reprodução dou duas vezes por semana Ad3 na água e durante a muda uma vez, durante o repouso umas vitaminas de duas em duas semanas. Antes e depois das exposições dou Complexo-B.
Penso que o meu “ingrediente de sucesso” deve-se sobretudo á pesquisa intensa que realizo, devido ao facto de tentar reproduzir as condições que as aves gozariam em liberdade, iniciando assim, as minhas próprias experiências. Mas o mais importante é o facto de adorar estas aves,
não existe nada mais gratificante para um criador, do que pegar em aves menosprezadas por muitos e colocá-las no circuito mundial ornitológico, digo isto porque as minhas aves já suscitam o
interesse lá fora, sobretudo as mutações e agora com o hibridismo, sobretudo se as aves forem férteis, o que acredito que se venha a verificar pois trata-se de um cruzamento entre estrildas.
Texto:Fernando Domingues Foto:Fernando Domingues
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Em nome do Birdsblog desejo-lhe muita sorte.
Muito obrigado ao Fernando por se ter disposto a compatilhar com todos as suas fotos e história.