terça-feira, 9 de outubro de 2012

Entre amigos com o amigo José Santos.

Fui visitar o amigo José Santos, criador de canários das seguintes raças: Lizard, Lipocromo Amarelo Mosaico (linha fêmea), Féo Vermelho, Féo Amarelo, Féo Branco, Féo Vermelho Mosaico e Féo Amarelo Mosaico.

Sócio da Associação Ornitológica de Coimbra e do Clube Ornitológico da Beira Litoral com o Stam 218-H.
Morada: Cantanhede
Contacto: 915612234


Desde pequeno que nasceu o meu gosto pelas aves, especialmente pela columbofilia, modalidade muito divulgada no concelho de Cantanhede. Apesar de nunca me ter federado, cheguei a ter mais de quarenta pombos e daqui a uns anos, quem sabe, não relanço esse hobby. Além dos pombos, tinha periquitos e rolas. Por questões académicas primeiro e profissionais depois, abandonei este hobby durante alguns anos. 


Em 2002 iniciei a criação de canários, para além de outras espécies, como degolados, mandarins, bengalins, bicos de chumbo, canários de moçambique, pardais de java, entre outros, adquiridos em lojas de animais. Uns meses mais tarde, comecei a ter conhecimento da existência de clubes e exposições e, através do contacto com outros criadores e de pesquisas na internet, comecei a ter uma visão diferente da ornitologia, não somente como um hobby, mas alicerçada e complementada no aspecto competitivo.


Aí apercebi-me que não podia ter tantas espécies e teria que melhorar e apurar as que criava. Optei então somente pelos canários e, para além dos lizards (os primeiros canários de raça a entrarem no meu canaril), as outras raças foram surgindo, naturalmente, com o passar dos anos. 


Em 2005, salvo erro, tornei-me sócio do COBL e no ano seguinte participei pela primeira vez numa exposição, com resultados decepcionantes. Com perseverança e, acima de tudo, com mais experiência, no ano seguinte os resultados (prémios) começaram a aparecer e a vontade de melhorar e apurar as raças que crio foram, cada vez mais, um objectivo. Para isso contribuiu ter reduzido o número de raças (pelo caminho ficaram os ágatas amarelo mosaico, os ágatas vermelhos mosaico e os lipocromo vermelho mosaico) e aumentado o número de casais das restantes raças. 


Para se trabalhar uma raça, julgo que se deve possuir, no mínimo, 5/6 casais, porque permite sempre explorar outros quadrantes, fazer experiências e no final do ano não andamos preocupados em adquirir uma ave em particular porque a probabilidade de já a termos é maior. Tenho um gozo particular em trabalhar com a “prata da casa” e, por exemplo, no caso dos lizards, em que tenho obtido bons resultados desde 2007, desde que formei o meu plantel, adquiri duas aves em 2007 e duas aves este ano.

 
 Obviamente, que se investisse mais os resultados seriam melhores, mas o prazer advém mesmo de melhorar com o que temos e com o que “produzimos”. É fácil, para quem tem disponibilidade para isso, adquirir aves a campeões e retirar de imediato dividendos, o difícil está em criar os nossos próprios campeões. Como encaro a canaricultura um mero hobby em que os prémios vêm por acréscimo e como incentivo e nunca como objectivo, vou agindo assim.
 

Raças que cria, especificidades
Relativamente às raças que crio, tenho um gosto particular pelos lizards, não só por terem sido os meus primeiros canários de raça, mas também por sentir que é a raça que melhor tenho trabalhado ao longo dos anos. No meu plantel, julgo que já existe uma uniformidade em termos de qualidade, se bem que para se obterem bons lizards a quantidade e a criação com recurso à consanguinidade é fundamental.


Raramente um casal tem dois irmãos de igual e boa qualidade, porque existem vários aspectos no standard do lizard que têm que ser trabalhados e apurados em simultâneo, o que torna difícil a obtenção de exemplares com qualidade de exposição. 

 
 Os lipocromos amarelos mosaico são aves belíssimas e excelentes reprodutores. Como crio linha fêmea, só as fêmeas servem para expor, o que é, desde logo, um óbice. Neste momento tenho tentado trabalhar o lipocromo, porque este quer-se o mais amarelo limão possível e isso nem sempre é fácil, para além de o procurar restringir às zonas de eleição conforme estipula o standard. Nos amarelos mosaicos deve ministrar-se apenas papa sem ovo e não fornecer cenoura ou outro alimento que possa influenciar o lipocromo ou o branco giz.
 
 Os canários féos são as raças mais recentes no meu canaril e só iniciei a sua criação em 2010. Ainda estou um pouco a navegar, mas tenho aprendido bastante, até porque Portugal sempre teve criadores de top nestas raças e tenho tido uma ajuda importante do Alexandre Cruz que possui excelentes exemplares nas linhas com factor vermelho.
 

Nos féos, os portadores assumem um papel preponderante, porque acentuam o castanho e as marcações, sendo resultado do cruzamento entre féos puros e castanhos clássicos. A obtenção de castanhos clássicos homozigóticos, ou seja, que não portem qualquer outra raça, é difícil e quando os encontramos de qualidade são extremamente caros. Além disso, são aves muito susceptíveis ao aparecimento de quistos e é importante ao trabalhar o porte tentar evitar o seu aparecimento.


Além disso, são aves muito exigentes na criação, ou seja, não é fácil obter muito exemplares e quando se trabalha com portadores, vingam em maior número e mais facilmente os portadores que os puros. 


Expectativas:
Este ano, infelizmente, tive um péssimo ano de criação e o objectivo de participar pela primeira vez no campeonato nacional esfumou-se, mas para o próximo ano espero concretizar essa ambição. Só ganha quem arrisca e concorre, porque de nada adianta dizer-se que temos aves de grande qualidade em casa e não as colocarmos sob avaliação e comparação. Julgo, contudo, que não se deve concorrer por concorrer, mas sim quando se tem expectativas legítimas de pontuar bem, independentemente de se ganhar ou não.


Alimentação:
Mistura de sementes com elevada percentagem de alpista, papa e grite. Na época de criação um comedouro extra com aveia e na fase de desmame um comedouro extra de sêmola de trigo. Para além disso, probióticos na papa e vitaminas na água uma vez por semana.
Cuidados regulares:
Higiene/limpeza e mudar a água com grande frequência (se possível diariamente). Uma vez por ano efectuo uma desparasitação interna e externa e tenho um regime de tratamento preventivo antes de iniciar a criação. Bem sei que este tratamento era desnecessário se mandasse analisar as aves, mas como na minha zona não tenho essa possibilidade, acabo por efectuar tratamentos genéricos para as maleitas mais comuns. Na época da muda costumo fornecer verduras, especialmente pepino, uma vez por semana. 


Conselho aos novos criadores:
É importante aconselharem-se com criadores mais experientes. De qualquer forma, acho que devem optar por poucas espécies e raças, porque a quantidade não é sinónimo de qualidade e têm mais hipóteses de obter resultados se criarem com quatro casais da mesma espécie, do que com quatro de espécies diferentes, sendo certo que no ano seguinte poderão preocupar-se em adquirir aves para melhorar o plantel e não somente para fazer número ou para suprir faltas. Além disso, tornar-se sócio de um clube ou associação e requisitar anilhas, porque não sendo a competição um fim é sempre um aliciante suplementar. 
Texto : José Santos - Fotografia : Osvaldo Sereno (Birdsblog)


Muito obrigado amigo Zé Santos, pela forma como fui recebido em sua casa, pela disponibilidade em me deixar fotografar as suas aves,  apesar de ainda não estarem a "TOP" se portaram muito bem. É por estes momentos e outros (almoçaradas ou jantaradas)  que vale  a pena estar dentro da ornitologia, tentando elevar este hobby lúdico, desportivo e cultural a uma forma de vida entre pessoas que gostam e partilham do mesmo gosto.

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