Fui visitar o amigo José Santos, criador de canários das seguintes
raças: Lizard, Lipocromo Amarelo Mosaico (linha fêmea), Féo
Vermelho, Féo Amarelo, Féo Branco, Féo Vermelho Mosaico e Féo
Amarelo Mosaico.
Sócio da Associação Ornitológica de Coimbra e do Clube Ornitológico da Beira Litoral com o Stam 218-H.
Morada:
Cantanhede
Contacto:
915612234
E-mail:
jsilvasantos@aeiou.pt
Desde
pequeno que nasceu o meu gosto pelas aves, especialmente pela
columbofilia, modalidade muito divulgada no concelho de Cantanhede.
Apesar de nunca me ter federado, cheguei a ter mais de quarenta
pombos e daqui a uns anos, quem sabe, não relanço esse hobby. Além
dos pombos, tinha periquitos e rolas. Por questões académicas
primeiro e profissionais depois, abandonei este hobby durante alguns
anos.
Em
2002 iniciei a criação de canários, para além de outras espécies,
como degolados, mandarins, bengalins, bicos de chumbo, canários de
moçambique, pardais de java, entre outros, adquiridos em lojas de
animais. Uns meses mais tarde, comecei a ter conhecimento da
existência de clubes e exposições e, através do contacto com
outros criadores e de pesquisas na internet, comecei a ter uma visão
diferente da ornitologia, não somente como um hobby, mas alicerçada
e complementada no aspecto competitivo.
Aí
apercebi-me que não podia ter tantas espécies e teria que melhorar
e apurar as que criava. Optei então somente pelos canários e, para
além dos lizards (os primeiros canários de raça a entrarem no meu
canaril), as outras raças foram surgindo, naturalmente, com o passar
dos anos.
Em
2005, salvo erro, tornei-me sócio do COBL e no ano seguinte
participei pela primeira vez numa exposição, com resultados
decepcionantes. Com perseverança e, acima de tudo, com mais
experiência, no ano seguinte os resultados (prémios) começaram a
aparecer e a vontade de melhorar e apurar as raças que crio foram,
cada vez mais, um objectivo. Para isso contribuiu ter reduzido o
número de raças (pelo caminho ficaram os ágatas amarelo mosaico,
os ágatas vermelhos mosaico e os lipocromo vermelho mosaico) e
aumentado o número de casais das restantes raças.
Para
se trabalhar uma raça, julgo que se deve possuir, no mínimo, 5/6
casais, porque permite sempre explorar outros quadrantes, fazer
experiências e no final do ano não andamos preocupados em adquirir
uma ave em particular porque a probabilidade de já a termos é
maior. Tenho um gozo particular em trabalhar com a “prata da casa”
e, por exemplo, no caso dos lizards, em que tenho obtido bons
resultados desde 2007, desde que formei o meu plantel, adquiri duas
aves em 2007 e duas aves este ano.
Obviamente,
que se investisse mais os resultados seriam melhores, mas o prazer
advém mesmo de melhorar com o que temos e com o que “produzimos”.
É fácil, para quem tem disponibilidade para isso, adquirir aves a
campeões e retirar de imediato dividendos, o difícil está em criar
os nossos próprios campeões. Como encaro a canaricultura um mero
hobby em que os prémios vêm por acréscimo e como incentivo e nunca
como objectivo, vou agindo assim.
Raças
que cria, especificidades
Relativamente
às raças que crio, tenho um gosto particular pelos lizards, não só
por terem sido os meus primeiros canários de raça, mas também por
sentir que é a raça que melhor tenho trabalhado ao longo dos anos.
No meu plantel, julgo que já existe uma uniformidade em termos de
qualidade, se bem que para se obterem bons lizards a quantidade e a
criação com recurso à consanguinidade é fundamental.
Raramente
um casal tem dois irmãos de igual e boa qualidade, porque existem
vários aspectos no standard do lizard que têm que ser trabalhados e
apurados em simultâneo, o que torna difícil a obtenção de
exemplares com qualidade de exposição.
Os
lipocromos amarelos mosaico são aves belíssimas e excelentes
reprodutores. Como crio linha fêmea, só as fêmeas servem para
expor, o que é, desde logo, um óbice. Neste momento tenho tentado
trabalhar o lipocromo, porque este quer-se o mais amarelo limão
possível e isso nem sempre é fácil, para além de o procurar
restringir às zonas de eleição conforme estipula o standard. Nos
amarelos mosaicos deve ministrar-se apenas papa sem ovo e não
fornecer cenoura ou outro alimento que possa influenciar o lipocromo
ou o branco giz.
Os
canários féos são as raças mais recentes no meu canaril e só
iniciei a sua criação em 2010. Ainda estou um pouco a navegar, mas
tenho aprendido bastante, até porque Portugal sempre teve criadores
de top nestas raças e tenho tido uma ajuda importante do Alexandre
Cruz que possui excelentes exemplares nas linhas com factor vermelho.
Nos
féos, os portadores assumem um papel preponderante, porque acentuam
o castanho e as marcações, sendo resultado do cruzamento entre féos
puros e castanhos clássicos. A obtenção de castanhos clássicos
homozigóticos, ou seja, que não portem qualquer outra raça, é
difícil e quando os encontramos de qualidade são extremamente
caros. Além disso, são aves muito susceptíveis ao aparecimento de
quistos e é importante ao
trabalhar o porte tentar evitar o seu aparecimento.
Além
disso, são aves muito exigentes na criação, ou seja, não é fácil
obter muito exemplares e quando se trabalha com portadores, vingam em
maior número e mais facilmente os portadores que os puros.
Expectativas:
Este
ano, infelizmente, tive um péssimo ano de criação e o objectivo de
participar pela primeira vez no campeonato nacional esfumou-se, mas
para o próximo ano espero concretizar essa ambição. Só ganha quem
arrisca e concorre, porque de nada adianta dizer-se que temos aves de
grande qualidade em casa e não as colocarmos sob avaliação e
comparação. Julgo, contudo, que não se deve concorrer por
concorrer, mas sim quando se tem expectativas legítimas de pontuar
bem, independentemente de se ganhar ou não.
Alimentação:
Mistura
de sementes com elevada percentagem de alpista, papa e grite. Na
época de criação um comedouro extra com aveia e na fase de desmame
um comedouro extra de sêmola de trigo. Para além disso, probióticos
na papa e vitaminas na água uma vez por semana.
Cuidados
regulares:
Higiene/limpeza
e mudar a água com grande frequência (se possível diariamente).
Uma vez por ano efectuo uma desparasitação interna e externa e
tenho um regime de tratamento preventivo antes de iniciar a criação.
Bem sei que este tratamento era desnecessário se mandasse analisar
as aves, mas como na minha zona não tenho essa possibilidade, acabo
por efectuar tratamentos genéricos para as maleitas mais comuns. Na
época da muda costumo fornecer verduras, especialmente pepino, uma
vez por semana.
Conselho
aos novos criadores:
É
importante aconselharem-se com criadores mais experientes. De
qualquer forma, acho que devem optar por poucas espécies e raças,
porque a quantidade não é sinónimo de qualidade e têm mais
hipóteses de obter resultados se criarem com quatro casais da mesma
espécie, do que com quatro de espécies diferentes, sendo certo que
no ano seguinte poderão preocupar-se em adquirir aves para melhorar
o plantel e não somente para fazer número ou para suprir faltas.
Além disso, tornar-se sócio de um clube ou associação e
requisitar anilhas, porque não sendo a competição um fim é sempre
um aliciante suplementar.
Texto : José Santos - Fotografia : Osvaldo Sereno (Birdsblog)
Texto : José Santos - Fotografia : Osvaldo Sereno (Birdsblog)
Muito obrigado amigo Zé Santos, pela forma como fui recebido em sua casa, pela disponibilidade em me deixar fotografar as suas aves, apesar de ainda não estarem a "TOP" se portaram muito bem. É por estes momentos e outros (almoçaradas ou jantaradas) que vale a pena estar dentro da ornitologia, tentando elevar este hobby lúdico, desportivo e cultural a uma forma de vida entre pessoas que gostam e partilham do mesmo gosto.
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