quarta-feira, 13 de junho de 2012

"Entre amigos com ALVARO LUIS BLASINA" criador brasileiro

Depois da entrevista do criador de Lizard e amigo Tito Costa, ficou uma "janela" aberta para outras participações de criadores brasileiros no meu blog (Birdsblog), dessa forma surgiu a possibilidade de fazer uma entrevista a um dos maiores criadores de canários do Brasil, por este ( Alvaro Blasina)  ser grande amigo do criador Tito Costa, depois de alguns telefonemas e emails , lá se realizou  a entrevista ao Sr. Álvaro Luís Blasina.
Fico muito agradecido ao amigo Tito Costa, pela dedicação, empenho e disponibilidade em orientar toda a entrevista, pois a confiança entre ambos daria uma melhor entrevista pelo conhecimento e amizade dos dois criadores. 
Em meu nome, e em nome do "Birdsblog" ,mais uma vez MUITO OBRIGADO. Quem ganha é a Ornitologia!
Entrevista a cargo de Sr. Tito Costa
Alvaro Blasina
01-Poderia se apresentar?

Em primeiro lugar quero agradecer pelo convite. É uma honra manter contato com os criadores desse maravilhoso país.
Meu nome é ALVARO LUIS BLASINA nasci em Montevidéu – Uruguai em 19 de janeiro de 1955. Já nasci apaixonado pela Natureza e as aves me encantaram desde pequeno. 



Trabalhei sempre como executivo de empresas na área de planejamento e vendas e em 1984 emigrei para o Brasil para casar com a minha esposa Fátima. 




Hoje moro numa chácara próxima da cidade de Maricá no estado do Rio de Janeiro.Me formei Juiz Ornitológico em 1982 ainda morando no Uruguai. Revalidei o título nacional no Brasil em 1984 e em 1986 me tornei Juiz COM/OMJ.
02-Descreva como foi seu inicio e dificuldades superadas para o efetivo desenvolvimento na criação.
Quando se tem paixão pelo que se faz as dificuldades se tornam desafios e esses próprios desafios acabam sendo o combustível que nos impulsiona rumo a novas conquistas. Sinto verdadeiro prazer na canaricultura e vivo consciente de sermos eternos aprendizes.




 As barreiras mais difíceis que tive de superar foi a enorme dificuldade financeira do incício quando não tinha dinheiro para pagar o alto preço das matrizes de qualidade. Foi a observação e dedicação que supriram a dificuldade econômica e isso me ajudou muito. Quando surgiu a mutação Urucum, a dificuldade foi o descaso e falta de apóio inicial de algumas pessoas mas tudo isso foi superado.

03-Porque escolheu o seguimento de canários de cor?



A variabilidade genética que possibilita a constante evolução qualitativa é algo que me encanta. Vejo no canário o ser mais mutante da Terra e isso faz com que cada ninhada seja uma verdadeira “caixa de surpresas” sendo que podemos direcionar a busca da qualidade a través de casais muito bem estudados.


 Após mais de 500 anos de criação em cativeiro o canário continua nos surpreendendo com essa capacidade de evolução genética seja nas cores, formas, plumagem e canto. Novas mutações e raças têm surgido na história muito recente e assim continua sendo um verdadeiro estímulo para criar essas fantásticas aves.


04-Quais as cores que cria e quantos casais forma anualmente?



Atualmente são 650 casais em produção. Gosto muito de cores clássicas que compõe a maioria do meu plantel.
Crio amarelos intensos e nevados (incluindo marfins), toda a linha clara com fator vermelho, verdes, canelas amarelos, ágatas prateados dominantes, cobres, brunos vermelhos, ágatas vermelhos, isabéis vermelhos, negros opalas amarelos, brunos opalas amarelos e brunos pasteis vermelhos, além dos Urucum.



05-Diga-nos sobre suas conquistas, alegrias e títulos.
Tive enormes satisfações na canaricultura.
Tri-Campeão Brasileiro Geral
Heptacampeão Brasileiro de Eficiência
Campeões Mundiais em todos os torneios em que participei.
Criador mais premiado em Campeonatos Abertos no Brasil.
Hexa-Campeão no Torneio Internacional de REGGIO EMÍLIA-ITALIA mesmo com as tremendas dificuldades de participar em hemisfério oposto ao nosso.



06-Comente sobre as atividades de seu clube.
O nosso Clube chama-se Rio Ornitológico e é composto por amigos criadores que buscam a alta qualidade e competitividade. Como o sistema de competição no Brasil é diferente do da Europa uma vez que os canários são obrigados a vencer no Clube para poder participar do Campeonato Brasileiro, buscamos um trabalho de equipe onde cada criador se especialize numa cor ou raça diferente para evitar o confronto interno e buscar maior competitividade no Brasileiro.




07-Poderia citar os criadores que vem se destacando em seu clube.
Temos um grupo de esforçados criadores no Clube tais como o Prof. Tito que vem avançando a grandes passos no seu plantel de Lizards, Luiz Fernando Albuquerque especialista em York e Border, Julio César Barçante que cria acetinados, o Sr. Reis especialista em gloster, etc.



08-Como o Sr. Avalia o campeonato nacional brasileiro e a canaricultura no Brasil hoje?


Sem dúvidas temos hoje um nível de qualidade competitiva verdadeiramente forte. Uma estrutura logística fantástica. O Campeonato Brasileiro é um evento digno de ser visitado. Creio que é preciso divulgar muito mais a nossa atividade tendo em vista que o Brasil tem um potencial de crescimento enorme que deveria ser explorado para atrair mais pessoas para esta atividade fascinante.



09-Já conheceu pessoalmente a canaricultura de outros países, como foi a experiência e analise?
Conheço profundamente a canaricultura de vários países tais como Argentina, Chile, Uruguai, Colômbia, Peru e Cuba além de vários países europeus que tive a felicidade de visitar tais como Bélgica, Holanda e Itália. Sempre foram experiências fantásticas. 



Poder divulgar os nossos conhecimentos com entusiastas criadores, aprender com as suas experiências e ganhar amigos não tem preço. Recebi o Título de Sócio Honorário no Uruguai, Cuba e Colômbia pelos serviços prestados e essa emoção foi indescritível. Creio que a ornitofilia em geral está muito mais evoluída na Europa com recursos tecnológicos fantásticos, e uma enorme variabilidade de opções. Sempre aprendo algo novo quando visito outros países.



10-Como o Sr concilia sua vida familiar, de negócios, criador e juiz?
Tenho enorme apóio da família. Os negócios estão também vinculados a canaricultura, pois temos uma empresa especializada em suprimentos para os criadores que é administrada pela minha esposa Fátima. Intercambiamos idéias, buscamos as melhores soluções e assim estamos ligados o tempo todo nessa atividade. Como juiz, fico pelo menos 40 dias por ano dedicado a essa atividade. É verdadeiramente cansativo, mas o prazer de encontrar amigos supera todo e qualquer cansaço.



11-Sua família participa de sua criação?
Sim, como falei a minha esposa cuida mais da empresa de suprimentos ornitológicos e meu filho Leonardo ajuda muito mesmo. Ele agora está montando o seu próprio criatório de periquitos, mas divide o seu tempo ajudando também no criatório dos canários




12- Sabemos, cá em Portugal, que no Brasil se desenvolve uma nova mutação, qual é?
Efetivamente essa nova mutação foi chamada de Urucum que é o nome de uma planta brasileira típica da região amazônica que tem estreito vínculo cultural com este país. Sua cor é vermelha e é muito usada na culinária típica brasileira além de ser muito usada pelos índios para pintar a pele. 


Surgiu na cidade de Resende, e alguns exemplares forma me passados pelo criador Maercio Laranjo em 1995. Desde então vim estudando e aprimorando esses pássaros que hoje apresentam uma beleza indiscutível. Já são quase 20 anos de trabalhos estudos e evolução. Sacrificamos em parte o nosso potencial competitivo mas realmente tem valido muito a pena.



13-Como ela surgiu?
Surgiu na cidade de Resende no criatório do Sr. Maercio Laranjo, e alguns exemplares forma me passados por ele em 1995. Desde então vim estudando e aprimorando esses pássaros que hoje apresentam uma beleza indiscutível.



14-Explique como tem sido o seu trabalho de fixação e para o reconhecimento.
Estes canários apresentavam inicialmente como característica principal o bico e patas 


pigmentados de vermelho mas como todo início, as interrogantes eram muitas. O primeiro passo era o de confirmar se realmente tratava-se de uma mutação. Após alguns cruzamentos e em 2 gerações efetivamente surgiram os primeiros filhotes completamente definidos que não deixavam dúvidas de se tratar de uma mutação. 


Já no momento do nascimento é possível identificar nitidamente os indivíduos mutados. A sua transmissão é autossômica recessiva.


 15-É possível passar essa mutação para outras cores? Quais as possibilidades?Considerando que 
os primeiros exemplares eram todos lipocrômicos, tínhamos a dúvida de se esta mutação poderia afectar também as melaninas.


 Assim, fizemos alguns cruzamentos com canários melânicos e percebemos que os exemplares Urucum da linha escura mostravam o fenótipo típico da mutação mas não apresentavam qualquer alteração nas melaninas. Já temos Urucum negro, bruno, ágata e isabel. São verdadeiramente belos.


16-Essa nova mutação interfere na saúde dos pássaros?



No início a maioria dos exemplares puros apresentavam problemas motores causados por algum mal neurológico. Com o tempo percebemos que esses problemas neurológicos variavam de intensidade entre os diferentes indivíduos. Realizamos um exaustivo controle de qualidade deixando para a reprodução aqueles exemplares mais rústicos e com menos dificuldade motora até que no dia de hoje não existe mais esse problema. Os machos são muito férteis e as fêmeas criam normalmente.



17-Além da coloração do bico, poderia nos dizer se acrescenta outras micromutações ou melhoramentos?


O mais interessante destes exemplares é que além do depósito de lipocromo no bico e patas afeta sim a pigmentação da plumagem.


As regiões brancas correspondentes a borda dos canários nevados e mosaicos recebem uma pigmentação lipocrômica rosada visível, porém diferente da tonalidade da cor de fundo. Dessa forma a plumagem ganha um aspecto “aveludado” muito bonito. Existe um incrível paralelismo entre o efeito da mutação Cobalto que estende a expressão melânica para regiões que os canários ancestrais não tinham só que no caso dos Urucum esse efeito é idêntico porém com o lipocromo.


18-Voltando a seu criatório, explique-nos os critérios que usa na formação de seus casais.


O nosso objetivo é sempre o da qualidade. É por essa razão que buscamos mais a especialização do que a variedade. Formamos muitos casais das cores escolhidas (40 a 50 fêmeas para cada cor).  Os casais sempre são formados pela ordem de qualidade e os melhores machos vão com as melhores fêmeas. Usamos bastante a poligamia na busca de multiplicar a qualidade dos melhores raçadores. Também usamos amas secas para poder multiplicar a qualidade das melhores matrizes.





 19-Como faz o seu manejo: sanitária, preventiva, alimentação, luminosidade,pessoas.
Somos 4 pessoas envolvidas diretamente no criatório. Realmente estou muito satisfeito com o material humano que me apóia pelo comprometimento, responsabilidade e profundo conhecimento das funções que cabem a cada um. O controle sanitário é feito pelo Dr. Thiago Muniz especialista em ornit-opatologia e a través de exames periódicos e programados detectamos a eventual presença de parasitas ou bactérias patogênicas. Jamais aplicamos qualquer medicação sem o diagnóstico prévio e preciso. Usamos farinhada de fabricação nacional de alta qualidade, mistura de sementes, areia com ostras, etc. Da mesma forma que a maioria dos criadores na Europa, o nível protéico da farinhada na época da cria é maior que na época de descanso. Quanto à luminosidade, no Rio de Janeiro temos uma excelente incidência de sol de maneira que não usamos nenhum sistema artificial de extensão do horário de luz/dia. Apenas um reforço de luz nos dias muito nublados.


 20-Poderia comentar a sua opinião sobre as novas tendências na canaricultura mundial;
Creio que tem se buscado uma maior integração mundial sobre os critérios de julgamento, e intercâmbio de informações. Estamos enfrentando bastantes dificuldades com as barreiras sanitárias de quase todas as regiões do Mundo o que dificulta a participação em torneios internacionais e intercâmbio de reprodutores, mas parece-me que em matéria organizacional tem ocorrido um esforço significativo para integrar todos os países membros da COM


 21-Conhece a canaricultura portuguesa? Faça algum comentário.
Embora já tenha visitado diversos países da CE, infelizmente não tenho tido a oportunidade de visitar criadores ou exposições de nenhum dos países da Península Ibérica. Tive a enorme satisfação de conhecer o grande criador de borders Victor Neves de quem tenho a melhor das impressões não só do ponto de vista técnico mas também pela sua enorme qualidade humana.

 22-Faça suas considerações finais e explane alguma pergunta que deixamos defaze-la que gostaria de registrar.
A canaricultura é uma atividade impar. Todos aqueles que amam a Natureza, que se deslumbram com o milagre da vida e o nascimento, que sentem prazer em buscar a excelência genética, etc. tem uma excelente oportunidade de um passatempo fantástico. É possível praticá-la em pequenos espaços, não exige enormes esforços financeiros e nos trazem o fantástico prazer das amizades.
Expor os nossos produtos buscando uma competitividade sadia, julgar com toda isenção com o maior empenho técnico e colaborar para o crescimento desta fantástica atividade é sempre uma meta que devemos buscar.
Desejo a todos os amigos desse maravilhoso país o maior dos êxitos e aproveito para enviar um forte abraço a todos.

ALVARO BLASINA

 Os meus agradecimentos ao Sr. Alvaro Blasina pela sua colaboração neste espaço dedicado ao criadores.
Mais uma vez, muito obrigado ao amigo Tito Costa , pelo seu empenho em me ajudar, este  é  um blog   de (todos) e para todos ...

Fotos retiradas do facebook do Sr. Alvaro Blasina com o seu consentimento,edição e montagem Osvaldo Sereno

1 comentário:

Unknown disse...

Alvaro, bom dia

Preciso de uma ajuda

Fui seu cliente na época da loja da Alameda , em Niterói, hoje moro na Ilha de Guaratiba-RJ.
Estou com um canário amarelo, de um ano e meio, parou de cantar ( cantava muuuuito ) poucas penas cairam agora, e ele só quer ficar " deitado " no puleiro. Quando a gente se aproxima fica experto, pula come bem principalmente couve e agrião. Será que ele está se viciando em ficar preguiçoso ou pode ser alguma outra coisa ?

Roberto Vasconcelos