Fico muito agradecido ao amigo Tito Costa, pela dedicação, empenho e disponibilidade em orientar toda a entrevista, pois a confiança entre ambos daria uma melhor entrevista pelo conhecimento e amizade dos dois criadores.
Em meu nome, e em nome do "Birdsblog" ,mais uma vez MUITO OBRIGADO. Quem ganha é a Ornitologia!
Entrevista a cargo de Sr. Tito Costa
Alvaro
Blasina
01-Poderia se apresentar?
01-Poderia se apresentar?
Em
primeiro lugar quero agradecer pelo convite. É uma honra manter
contato com os criadores desse maravilhoso país.
Meu
nome é ALVARO LUIS BLASINA nasci em Montevidéu – Uruguai em 19 de
janeiro de 1955. Já nasci apaixonado pela Natureza e as aves me
encantaram desde pequeno.
Hoje moro numa chácara próxima da cidade de Maricá no estado do Rio de Janeiro.Me formei Juiz Ornitológico em 1982 ainda morando no Uruguai. Revalidei o título nacional no Brasil em 1984 e em 1986 me tornei Juiz COM/OMJ.
02-Descreva
como foi seu inicio e dificuldades superadas para o efetivo
desenvolvimento na criação.
Quando
se tem paixão pelo que se faz as dificuldades se tornam desafios e
esses próprios desafios acabam sendo o combustível que nos
impulsiona rumo a novas conquistas. Sinto verdadeiro prazer na
canaricultura e vivo consciente de sermos eternos aprendizes.
As barreiras mais difíceis que tive de superar foi a enorme dificuldade financeira do incício quando não tinha dinheiro para pagar o alto preço das matrizes de qualidade. Foi a observação e dedicação que supriram a dificuldade econômica e isso me ajudou muito. Quando surgiu a mutação Urucum, a dificuldade foi o descaso e falta de apóio inicial de algumas pessoas mas tudo isso foi superado.
03-Porque
escolheu o seguimento de canários de cor?As barreiras mais difíceis que tive de superar foi a enorme dificuldade financeira do incício quando não tinha dinheiro para pagar o alto preço das matrizes de qualidade. Foi a observação e dedicação que supriram a dificuldade econômica e isso me ajudou muito. Quando surgiu a mutação Urucum, a dificuldade foi o descaso e falta de apóio inicial de algumas pessoas mas tudo isso foi superado.
A
variabilidade genética que possibilita a constante evolução
qualitativa é algo que me encanta. Vejo no canário o ser mais
mutante da Terra e isso faz com que cada ninhada seja uma verdadeira
“caixa de surpresas” sendo que podemos direcionar a busca da
qualidade a través de casais muito bem estudados.
Após mais de 500 anos de criação em cativeiro o canário continua nos surpreendendo com essa capacidade de evolução genética seja nas cores, formas, plumagem e canto. Novas mutações e raças têm surgido na história muito recente e assim continua sendo um verdadeiro estímulo para criar essas fantásticas aves.
04-Quais
as cores que cria e quantos casais forma anualmente?
Atualmente
são 650 casais em produção. Gosto muito de cores clássicas que
compõe a maioria do meu plantel.
Crio
amarelos intensos e nevados (incluindo marfins), toda a linha clara
com fator vermelho, verdes, canelas amarelos, ágatas prateados
dominantes, cobres, brunos vermelhos, ágatas vermelhos, isabéis
vermelhos, negros opalas amarelos, brunos opalas amarelos e brunos
pasteis vermelhos, além dos Urucum.
05-Diga-nos
sobre suas conquistas, alegrias e títulos.
Tive
enormes satisfações na canaricultura.
Tri-Campeão
Brasileiro Geral
Heptacampeão
Brasileiro de Eficiência
Campeões
Mundiais em todos os torneios em que participei.
Criador
mais premiado em Campeonatos Abertos no Brasil.
Hexa-Campeão
no Torneio Internacional de REGGIO EMÍLIA-ITALIA mesmo com as
tremendas dificuldades de participar em hemisfério oposto ao nosso.
06-Comente
sobre as atividades de seu clube.
O
nosso Clube chama-se Rio Ornitológico e é composto por amigos
criadores que buscam a alta qualidade e competitividade. Como o
sistema de competição no Brasil é diferente do da Europa uma vez
que os canários são obrigados a vencer no Clube para poder
participar do Campeonato Brasileiro, buscamos um trabalho de equipe
onde cada criador se especialize numa cor ou raça diferente para
evitar o confronto interno e buscar maior competitividade no
Brasileiro.07-Poderia citar os criadores que vem se destacando em seu clube.
Temos
um grupo de esforçados criadores no Clube tais como o Prof. Tito que
vem avançando a grandes passos no seu plantel de Lizards, Luiz
Fernando Albuquerque especialista em York e Border, Julio César
Barçante que cria acetinados, o Sr. Reis especialista em gloster,
etc.
08-Como
o Sr. Avalia o campeonato nacional brasileiro e a canaricultura no
Brasil hoje?
Sem
dúvidas temos hoje um nível de qualidade competitiva
verdadeiramente forte. Uma estrutura logística fantástica. O
Campeonato Brasileiro é um evento digno de ser visitado. Creio que é
preciso divulgar muito mais a nossa atividade tendo em vista que o
Brasil tem um potencial de crescimento enorme que deveria ser
explorado para atrair mais pessoas para esta atividade fascinante.
09-Já conheceu pessoalmente a canaricultura de outros países, como foi a experiência e analise?
Conheço profundamente a canaricultura de vários países tais como Argentina, Chile, Uruguai, Colômbia, Peru e Cuba além de vários países europeus que tive a felicidade de visitar tais como Bélgica, Holanda e Itália. Sempre foram experiências fantásticas.
Poder divulgar os
nossos conhecimentos com entusiastas criadores, aprender com as suas
experiências e ganhar amigos não tem preço. Recebi o Título de
Sócio Honorário no Uruguai, Cuba e Colômbia pelos serviços
prestados e essa emoção foi indescritível. Creio que a ornitofilia
em geral está muito mais evoluída na Europa com recursos
tecnológicos fantásticos, e uma enorme variabilidade de opções.
Sempre aprendo algo novo quando visito outros países.
10-Como
o Sr concilia sua vida familiar, de negócios, criador e juiz?
Tenho
enorme apóio da família. Os negócios estão também vinculados a
canaricultura, pois temos uma empresa especializada em suprimentos
para os criadores que é administrada pela minha esposa Fátima.
Intercambiamos idéias, buscamos as melhores soluções e assim
estamos ligados o tempo todo nessa atividade. Como juiz, fico pelo
menos 40 dias por ano dedicado a essa atividade. É verdadeiramente
cansativo, mas o prazer de encontrar amigos supera todo e qualquer
cansaço.
11-Sua
família participa de sua criação?
Sim,
como falei a minha esposa cuida mais da empresa de suprimentos
ornitológicos e meu filho Leonardo ajuda muito mesmo. Ele agora está
montando o seu próprio criatório de periquitos, mas divide o seu
tempo ajudando também no criatório dos canários
12- Sabemos,
cá em Portugal, que no Brasil se desenvolve uma nova mutação, qual
é?
Efetivamente
essa nova mutação foi chamada de Urucum que é o nome de uma planta
brasileira típica da região amazônica que tem estreito vínculo
cultural com este país. Sua cor é vermelha e é muito usada na
culinária típica brasileira além de ser muito usada pelos índios
para pintar a pele.
Surgiu na cidade de Resende, e alguns exemplares
forma me passados pelo criador Maercio Laranjo em 1995. Desde então
vim estudando e aprimorando esses pássaros que hoje apresentam uma
beleza indiscutível. Já são quase 20 anos de trabalhos estudos e
evolução. Sacrificamos em parte o nosso potencial competitivo mas
realmente tem valido muito a pena.
13-Como
ela surgiu?
Surgiu
na cidade de Resende no criatório do Sr. Maercio Laranjo, e alguns
exemplares forma me passados por ele em 1995. Desde então vim
estudando e aprimorando esses pássaros que hoje apresentam uma
beleza indiscutível.
14-Explique
como tem sido o seu trabalho de fixação e para o reconhecimento.
Estes
canários apresentavam inicialmente como característica principal o
bico e patas
pigmentados de vermelho mas como todo início, as
interrogantes eram muitas. O primeiro passo era o de confirmar se
realmente tratava-se de uma mutação. Após alguns cruzamentos e em
2 gerações efetivamente surgiram os primeiros filhotes
completamente definidos que não deixavam dúvidas de se tratar de
uma mutação.
Já no momento do nascimento é possível identificar
nitidamente os indivíduos mutados. A sua transmissão é autossômica
recessiva.
15-É possível passar essa mutação para outras cores? Quais as possibilidades?Considerando que
os primeiros exemplares eram todos lipocrômicos, tínhamos a
dúvida de se esta mutação poderia afectar também as melaninas.
Assim, fizemos alguns cruzamentos com canários melânicos e percebemos que os exemplares Urucum da linha escura mostravam o fenótipo típico da mutação mas não apresentavam qualquer alteração nas melaninas. Já temos Urucum negro, bruno, ágata e isabel. São verdadeiramente belos.
16-Essa
nova mutação interfere na saúde dos pássaros?
No
início a maioria dos exemplares puros apresentavam problemas motores
causados por algum mal neurológico. Com o tempo percebemos que esses
problemas neurológicos variavam de intensidade entre os diferentes
indivíduos. Realizamos um exaustivo controle de qualidade deixando
para a reprodução aqueles exemplares mais rústicos e com menos
dificuldade motora até que no dia de hoje não existe mais esse
problema. Os machos são muito férteis e as fêmeas criam
normalmente.
17-Além
da coloração do bico, poderia nos dizer se acrescenta outras
micromutações ou melhoramentos?
O
mais interessante destes exemplares é que além do depósito de
lipocromo no bico e patas afeta sim a pigmentação da plumagem.
As
regiões brancas correspondentes a borda dos canários nevados e
mosaicos recebem uma pigmentação lipocrômica rosada visível,
porém diferente da tonalidade da cor de fundo. Dessa forma a
plumagem ganha um aspecto “aveludado” muito bonito. Existe um
incrível paralelismo entre o efeito da mutação Cobalto que estende
a expressão melânica para regiões que os canários ancestrais não
tinham só que no caso dos Urucum esse efeito é idêntico porém com
o lipocromo.
18-Voltando
a seu criatório, explique-nos os critérios que usa na formação de
seus casais.
O
nosso objetivo é sempre o da qualidade. É por essa razão que
buscamos mais a especialização do que a variedade. Formamos muitos
casais das cores escolhidas (40 a 50 fêmeas para cada cor). Os
casais sempre são formados pela ordem de qualidade e os melhores
machos vão com as melhores fêmeas. Usamos bastante a poligamia na
busca de multiplicar a qualidade dos melhores raçadores. Também
usamos amas secas para poder multiplicar a qualidade das melhores
matrizes.
19-Como
faz o seu manejo: sanitária, preventiva, alimentação,
luminosidade,pessoas.
Somos
4 pessoas envolvidas diretamente no criatório. Realmente estou muito
satisfeito com o material humano que me apóia pelo comprometimento,
responsabilidade e profundo conhecimento das funções que cabem a
cada um. O controle sanitário é feito pelo Dr. Thiago Muniz
especialista em ornit-opatologia e a través de exames periódicos e
programados detectamos a eventual presença de parasitas ou bactérias
patogênicas. Jamais aplicamos qualquer medicação sem o diagnóstico
prévio e preciso. Usamos farinhada de fabricação nacional de alta
qualidade, mistura de sementes, areia com ostras, etc. Da mesma forma
que a maioria dos criadores na Europa, o nível protéico da
farinhada na época da cria é maior que na época de descanso.
Quanto à luminosidade, no Rio de Janeiro temos uma excelente
incidência de sol de maneira que não usamos nenhum sistema
artificial de extensão do horário de luz/dia. Apenas um reforço de
luz nos dias muito nublados.
20-Poderia
comentar a sua opinião sobre as novas tendências na canaricultura
mundial;
Creio
que tem se buscado uma maior integração mundial sobre os critérios
de julgamento, e intercâmbio de informações. Estamos enfrentando
bastantes dificuldades com as barreiras sanitárias de quase todas as
regiões do Mundo o que dificulta a participação em torneios
internacionais e intercâmbio de reprodutores, mas parece-me que em
matéria organizacional tem ocorrido um esforço significativo para
integrar todos os países membros da COM
21-Conhece
a canaricultura portuguesa? Faça algum comentário.
Embora
já tenha visitado diversos países da CE, infelizmente não tenho
tido a oportunidade de visitar criadores ou exposições de nenhum
dos países da Península Ibérica. Tive a enorme satisfação de
conhecer o grande criador de borders Victor Neves de quem tenho a
melhor das impressões não só do ponto de vista técnico mas também
pela sua enorme qualidade humana.
22-Faça
suas considerações finais e explane alguma pergunta que deixamos
defaze-la que gostaria de registrar.
A
canaricultura é uma atividade impar. Todos aqueles que amam a
Natureza, que se deslumbram com o milagre da vida e o nascimento, que
sentem prazer em buscar a excelência genética, etc. tem uma
excelente oportunidade de um passatempo fantástico. É possível
praticá-la em pequenos espaços, não exige enormes esforços
financeiros e nos trazem o fantástico prazer das amizades.
Expor
os nossos produtos buscando uma competitividade sadia, julgar com
toda isenção com o maior empenho técnico e colaborar para o
crescimento desta fantástica atividade é sempre uma meta que
devemos buscar.
Desejo
a todos os amigos desse maravilhoso país o maior dos êxitos e
aproveito para enviar um forte abraço a todos.
ALVARO
BLASINA
Os meus agradecimentos ao Sr. Alvaro Blasina pela sua colaboração neste espaço dedicado ao criadores.
Mais uma vez, muito obrigado ao amigo Tito Costa , pelo seu empenho em me ajudar, este é um blog de (todos) e para todos ...
Alvaro, bom dia
ResponderEliminarPreciso de uma ajuda
Fui seu cliente na época da loja da Alameda , em Niterói, hoje moro na Ilha de Guaratiba-RJ.
Estou com um canário amarelo, de um ano e meio, parou de cantar ( cantava muuuuito ) poucas penas cairam agora, e ele só quer ficar " deitado " no puleiro. Quando a gente se aproxima fica experto, pula come bem principalmente couve e agrião. Será que ele está se viciando em ficar preguiçoso ou pode ser alguma outra coisa ?
Roberto Vasconcelos